Boa notícia
Financiamento de R$ 160 milhões promete urbanizar bairros e qualificar colônias
Recursos estão sendo negociados entre a prefeitura e fundo sul-americano para bancar melhorias na zona rural e nos loteamentos Getúlio Vargas e Pestano
Carlos Queiroz -
A dona de casa Maria Lúcia Pereira, 63, observava a distância a movimentação de técnicos da prefeitura e executivos do Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata) na tarde desta quarta-feira (23). Franzia a testa para a comitiva que fotografava terrenos sujos, apontava valetas de esgoto a céu aberto, desviava da poeira jogada por carros e ônibus e comentava, em portunhol, o tamanho dos problemas. Tudo aquilo que, para quem mora no loteamento Getúlio Vargas há 16 anos, não causa mais espanto, embora continue sendo um grande incômodo.
O grupo que Maria e seus vizinhos fitavam a alguns metros esteve no Getúlio e no Pestano como parte de uma das etapas da negociação entre o Fonplata e o município que promete transformar a vida de 8,5 mil pelotenses destes locais. "Já ouvimos tantas vezes que iria melhorar, mas...", dizia a moradora, misturando incredulidade e esperança. Porém, segundo a prefeitura e o Fundo, ela pode confiar que a partir de 2018 serão investidos 30 milhões de dólares (cerca de R$ 96 milhões em valores atuais) para garantir o básico não apenas nas duas comunidades: ruas pavimentadas, drenagem pluvial, rede de esgoto, iluminação pública, distribuição de água e praças equipadas para as comunidades.
Coordenador dos trabalhos por parte do Fonplata, o especialista em projetos Hernán Benitez disse que há dois anos a instituição vem conversando com a prefeitura de Pelotas com o objetivo de financiar as obras. "Essa é a nossa segunda missão à cidade. Estamos trabalhando no fechamento da avaliação econômica e técnica visando à aprovação do projeto no fim do ano e a assinatura do contrato no início de 2018", explica. Se tudo sair dentro do previsto, ainda no primeiro semestre do ano que vem começam as intervenções, que devem se estender por até cinco anos.
O objetivo, conforme o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Morales, é que todas as ruas sejam pavimentadas e 100% das moradias tenham o seu esgoto conectado à rede que será construída. "Até mesmo a ligação da casa à rede, que geralmente é de responsabilidade de cada cidadão, desta vez será feita pelo Sanep em virtude da vulnerabilidade social e do caráter do projeto", detalha. Para abrir essa exceção, afirma que o Poder Executivo deverá enviar um projeto de lei à Câmara de Vereadores para autorizar a ação.
Assim como Maria, o autônomo Rudinei da Silva, 55, reclama do abandono dos dois loteamentos. "Tudo isso que estão falando são problemas sérios, de sempre. Só espero que façam e que também lembrem que o mais grave para nós é a insegurança. Vamos torcer para que dê certo."
Estradas na colônia
Um dos diferenciais do projeto pelotense em comparação a outros financiamentos realizados pelo Fonplata em municípios brasileiros está no destino de 20 milhões de dólares (R$ 64 milhões) apenas para intervenções no campo, aponta o secretário de Desenvolvimento Rural, Jair Seidel. "Serão pavimentados com asfalto ou blocos 18 quilômetros de vias em pontos com maior aglomeração de moradores, além da requalificação de 300 quilômetros de estradas", projeta. Dentro da previsão de asfaltamento estão os acessos às colônias Maciel e Z-3. Já entre as regiões com maior densidade demográfica que também terão pavimentação estão Monte Bonito, Vila Nova, Santa Silvana e Cerrito Alegre.
O Fonplata
Fundado em 1977, o Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata é sediado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. É composto também por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Voltado a atuar nestes cinco países em cidades com até cem mil habitantes, financia projetos de infraestrutura, educação, saúde, saneamento, produção rural e preservação da natureza. No Brasil já estão sendo executados projetos nos municípios de Joinville e Criciúma, em Santa Catarina, Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e Atibaia, em São Paulo.
O financiamento
50 milhões de dólares
(cerca de R$ 160 milhões)
Cinco anos para conclusão das obras
(durante este tempo, o município terá carência para o pagamento do empréstimo, que se estenderá por até 20 anos)
30 milhões de dólares para Getúlio Vargas e Pestano
Instalação de equipamentos comunitários, construção de praças, implantação de sistema de esgoto, redes de água, pavimentação de 23 quilômetros de ruas, calçadas, drenagem e iluminação pública
20 milhões de dólares para zona rural
Pavimentação de 18 quilômetros de ruas e estradas, requalificação de outros 300 quilômetros de acessos vicinais, construção de novas pontes, implantação de redes de água potável, aquisição de seis patrulhas agrícolas, recomposição de cem hectares de mata nativa e construção de parque com 76 hectares às margens da barragem Santa Bárbara
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